André Braga & Cláudia Figueiredo
julho, Festival dos Canais, Aveiro
Derivas Canais marca o início de um ciclo de trabalho que procura experiências intensas de contemplação e embrenhamento na paisagem e comunidades em torno da “paisagem indecisa entre o mar e a terra”: o Reino do Vouga, e das dezenas de rios, ribeiros e ribeirinhos que formam a dita Ria de Aveiro, que os mais rigorosos afirmam dever chamar-se Laguna: “quarenta quilómetros de costa, vinte quilómetros para o interior, terra firme e água, rodeando todas as formas que podem ter as ilhas, os istmos, as penínsulas, todas as cores que podem ter o rio e o mar”.
É nossa intenção cruzar esta criação de território com o ciclo em torno do ecopensamento e da geopoética que iremos desenvolver. Pesquisar mais sobre as especificidades da natureza na Ria – plantas, animais, geomorfologia, e outros – é uma das linhas que pretendemos aprofundar. Andamos em busca de experiências intensas de embrenhamento na paisagem, que rompam com a avalanche do dia a dia e quase sem darmos conta nos façam questionar profundamente. No debate da crise ecológica, a geopoética defende que há mudanças ao nível do pensamento e do imaginário que são fulcrais.
A compositora Pauline Oliveros, que se dedicou a pensar e a escrever sobre o que significa ouvir, sistematizando uma prática que denominou “Deep Listening”, sempre reforçou como a escuta ativa e em profundidade pode ser uma porta de entrada para um mundo desconhecido, de capacidades inexploradas da consciência e atenção. De facto, uma prática tão poderosa e tão contracorrente que são muitos os que vêm defendendo dever ser entendida como uma forma de ativismo.
Divido em duas etapas ao longo de 2023 e 2024, o projeto contemplará várias incursões no território e múltiplos períodos de residência artística com criação e ensaios com toda a equipa e grupos da comunidade, com uma primeira abertura de processo prevista por altura do Festival dos Canais, em julho de 2023.
Ficha artística
Direção artística: André Braga e Cláudia Figueiredo
Co-criação e composição musical: João Sarnadas
Direção de produção: Ana Carvalhosa
Produção executiva: Cláudia Santos
Coordenação técnica: Pedro Coutinho
Co-produção: Teatro Aveirense