André Braga e Cláudia Figueiredo desenvolvem juntos o seu trabalho desde que fundaram a cooperativa em 1999.
O trabalho no espaço de fronteira e cruzamentos disciplinares caracteriza o seu percurso, sendo que para as suas criações convocam um colectivo de criadores vindos das áreas da dança, teatro, artes plásticas, música e cinema.
A abordagem poética dos universos dramatúrgicos, o carácter intensamente físico das propostas e a força das componentes plástica e musical são traços marcantes do projecto.
Após 10 anos de actividade, o seu percurso artístico é marcado por um certo desvio estético, em direcção a uma maior crueza e despojamento.
O homem na sua natureza dual e complexa e as realidades repletas da convivência muito própria de vários opostos ocupam agora o núcleo das reflexões. Presença forte vêm assumindo também os projectos que trabalham com a comunidade e fazem do território e das pessoas que os habitam a principal matéria criativa.
Um gesto de refundação de um discurso
A surpresa estará no modo como uma coreografia sujeita um discurso de composição que viveu sempre na redoma da metáfora e da poética e quebra esse vidro para se aventurar no interior de uma explosão de frases, fragmentos de ideias e de movimentos que nunca se encerram.
Há, sobretudo, a obediência a apenas um desígnio: o da liberdade do corpo. E, com isso (ou porque não existem escolhas inocentes, por causa disso) um modo de agir sobre o espaço que é amplamente radical.
E, assim, porque agora o movimento deixou de ser um elemento entre outros para passar a ser o princípio e o fim da ideia, é de um jogo de forças, de formas, de equilíbrios, de estratégias que se vai construindo, impondo, uma coreografia que rasga o espaço e o tempo em que o palco se transformou.
TBC