4 e 5 de dezembro 2024 | CRL – Central Elétrica, Porto
O Cosmograma Bantu-Kongo pode ser entendido, preliminarmente, como uma síntese gráfica produzida pelo povo Bantu para nos fornecer uma compreensão da formação e movimento do Universo e suas implicações na dinâmica do que é visível e, também, daquilo que não podemos ver. O dikenga, como é chamado esse Cosmograma, apresenta-nos uma complexa sabedoria de uma região do continente africano e caberá, nestes dois dias de workshop, aproximá-la do nosso fazer artístico, ampliando e aprofundando elementos como: surgimento e registro das ideias criativas, reconhecimento e acolhimento do que há potente nelas, o desenrolar|fazer|experimentar|selecionar na produção de arte e caminhos possíveis para “finalizá-las”. Todo esse percurso vai ser conduzido por Marconi Bispo, artista da cena e sacerdote de Candomblé, alinhavando – além dos seus vinte e nove anos de produção cultural – aquilo que foi produzido para o espetáculo Ayiti, a Montanha que Assombrou o Mundo, dentro do programa InResidence, na Central Elétrica, Porto.
Inspirados/as/es pelo movimento do Sol – base do Cosmograma Bantu-Kongo –, o workshop levar-nos-á numa jornada teórico-prática de recepção dos gestos criativos dentro de nosso corpo e, assim, partir para experimentações, anotações, registros e compartilhamentos destas ideias, num ambiente colaborativo, comunitário e de fala e escuta atentas, bem ao modo das tradições africanas e indígenas.
Marconi Bispo completou, em junho de 2024, vinte e nove anos de atividades profissionais nas artes da cena, tendo trabalhado com importantes companhias e diretores/as do estado de Pernambuco. São quarenta e cinco produções cênicas no currículo, onde atuou como ator, cantor, bailarino, bonequeiro, dramaturgo e diretor. Tem pesquisado Relações Raciais em Pernambuco e Bahia, com profundo interesse pela construção de demarcadores de gênero dentro das religiões de matriz africana e indígena, bem como, dos desafios de se discutir mestiçagem num país como o Brasil. É um sacerdote iniciado para Ìyémọjá e Ọbàlùfọ̀n [2004] e Ọ̀rúnmìlà Bàbá Ifá [2023]. Tem também ramificações na Jurema Sagrada, culto de base indígena presente em alguns estados do nordeste brasileiro.
De 2016 a 2020 protagonizou o espetáculo autobiográfico “Luzir é Negro!”, do Teatro de Fronteira, grupo que fez parte desde 2014, tendo participado de onze produções do coletivo — onde atuou, dirigiu produções audiovisuais, escreveu dramaturgias e ministrou cursos. Em 22 de abril de 2022 estreou o espetáculo “re_Luzir” inaugurando o início de projetos autônomos, fincados na elaboração de uma cena onde suas encruzilhadas afrográficas sejam percurso e performance [atuou, produziu e assinou Direção e Dramaturgia]. Há dois anos realiza em Recife o projeto “Ọ̀nà Dúdú – Caminhos Negros do Bairro do Recife”, itinerância histórico-performativa que desvela e aprofunda as heranças negras no território onde se iniciou esta cidade. Criado numa família de candomblecistas, vivendo Terreiros desde muito cedo, Marconi Bispo hoje busca a amálgama entre sua formação a partir da Universidade [é licenciado em Teatro] e a espiritualidade de matriz africana e indígena da qual é um adepto.
As inscrições estão encerradas. Lotação: 15 participantes