Ricardo Machado
17 e 18 Dezembro, 21h00 + 19h30 [estreia] | Central Elétrica, Porto
“L’après-midi de deux sportifs” é um projeto de investigação para a criação de um espetáculo sob a forma de um dueto-sequela, que explora dois estados psicomotores muito distintos, confrontando-os.
Por um lado, o estado inerente à prática do treino desportivo onde sobressai o esforço, a transpiração, o trabalho, a transcendência, a repetição. Por outro, o universo lânguido do poema “L’après-midi d’un faune” de Stéphen Malarmé, a invocar uma corporalidade sem tónus, um modo de estar em ideação e repouso, em pura fruição sensorial e sensual.
Direção artística e interpretação: Ricardo Machado
Cocriação e interpretação: Paulo Mota
Criação musical: Pedro Salvador
Desenho de Luz: Cláudia Valente
Produção: Outro Vento
Coprodução: CRL – Central Elétrica
Residências: Largo Residências e Lavrar o Mar
Projeto apoiado pela República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes
Em 2016, Ricardo Machado criou o solo “L’après midi d’un sportif”, ao longo do processo de criação deste solo, e mesmo após a sua conclusão, sempre se deparou com uma imagem de múltiplos. Tendo como ponto de partida as mesmas premissas, o que se alteraria/acrescentaria a este trabalho se ele se transformasse num dueto? E num trio? Ou mesmo num quinteto? Se integrasse 10, 20, 50, 100 intérpretes?
Esta vontade de fazer multiplicar o corpo, leva à procura da continuação deste trabalho com “L’APRÈS-MIDI DE DEUX SPORTIFS”.
É possível estabelecer um paralelismo direto entre os dois estados (aparentemente) tão distintos que anteriormente detalhámos e o período que vivemos, em consequência da pandemia covid-19.
É como se estivéssemos até março de 2020 num ciclo de treino intensivo, em absoluto esforço e exterioridade, e numa quase histeria da transcendência que caracteriza o modo de vida nas sociedades capitalistas ocidentais. A própria produção artística acompanhava, de certa forma, essa cavalgada.
Quando fomos “obrigados” a confinar os corpos ao universo das nossas casas, não conseguimos fugir ao abrandamento, ao regresso a um quotidiano mais sensível, temporalmente definido por ideações várias.
É como se tivéssemos passado do desportista fanático ao fauno desajeitado em milésimos de segundo.
Hoje, voltamos à cavalgada capitalista.