O CRIATÓRIO NA CRL – CENTRAL ELÉTRICA
Com o apoio da Câmara Municipal do Porto, através do programa Criatório, conseguimos reforçar a programação da Central, objetivando maior regularidade e diálogo com o público em geral. Apostamos na criação de um território versátil e em movimento constante, expandido as possibilidades criativas, valorizando uma região que apesar de tudo mantém uma certa periferia: Campanhã.
Criatório é um concurso municipal anual de apoio à criação e programação artística no Porto. Este programa tem como principais objetivos contribuir para a consolidação da atividade de artistas e agentes culturais provenientes de múltiplas disciplinas artísticas, que no Porto podem encontrar um contexto propício ao desenvolvimento da sua prática profissional.
Estamos ativos com nossa programação 2022-2023 que contará com ciclo para os mais jovens, residências artísticas, atividades formativas e performances!
Comemorando 23 anos de atividade a Circolando – Central Elétrica, no dia 11 de novembro compartilhamos uma noite especial que começou com a primeira abertura de processo de Cratera, nova criação de André Braga & Cláudia Figueiredo, e marcou o arranque da programação Criatório 2023, com a presença do DJ Arrogance Arrogance / Ácida, que colocous todos a mexer. Em pleno verão de São Martinho, tivemos castanhas assadas e bebidas para celebrar!
15 julho 2022 | Concertos THE HUMM, Sarnadas (PT) / Favela Discos, MONTES, Arianna Casellas & @Kaue Grindi (BR) / Lovers & Lollypops e DJ Lynce
The Humm é a segunda parte do projeto ambiental de Sarnadas, artista pluridisciplinar sediado no Porto e um dos cabecilhas do colectivo Favela. uM despertar do que de um sonho lúcido, em que cada espaço absorve luz e as suas formas se tornam mais claras. Montes cresceram em sítios distintos da América do sul, encontrando-se no Porto há muito. Pensa-se a ideia dos montes, não como uma utopia romântica e idílica mas uma metáfora para esse lugar físico ou fantástico. DJ Lynce (PT) é dono de uma coleção de discos idiossincrática que manipula com uma técnica impecável, a peculiaridade de Santos vem do seu inteligível, e quase poético, para as expectativas dos frequentadores das discotecas.
09 e 10 abril 2022 | Espetáculos ÁLBUM DE FAMÍLIA , de Costanza Givone (ITA) + A GRANDE INVASÃO, da Cia Caótica (PT) + Concerto FHÁ: SOM DIRECTA, de João Ricardo de Barros Oliveira + Instalação-imersiva para bebés OVO, do Atelier rodabiba/wetumtum + Mostra de filmes do Cinema Insuflável
ÁLBUM DE FAMÍLIA, uma criação de Costanza Givone com interpretação de Natacha Campos é um espetáculo que fala da enorme variedade de famílias que hoje existe, as suas diferenças e afinidades. João Ricardo de Barros Oliveira, com HÁ: SOM DIRECTA, apresentou um concerto experimental com objectos e cactos que busca a desconstrução de convenções e estruturas musicais.
A GRANDE INVASÃO, da celebrada Companha Caótica foi uma conferência que confunde, alegremente e sem culpas, ciência e fantasia, a partir da história de um grupo de Sereias, criando uma impostura jubilatória que ridiculariza suavemente a nossa maneira de viver.
Nos dois dias do evento, o público pode acompanhar a instalação OVO, do atelier Atelier Rodabiba / WETUMTUM, que propõe estimular sensorialmente bebés, dos três meses aos três anos, e o Cinema Insuflável, numa parceria com o Play – Festival Internacional de Cinema Infantil & Juvenil de Lisboa.
01a 03 setembro 2022 | Performances A RUÍDO ROSA, Alina Ruiz Folini (AR) + URRO, Andrei Bessa + Concertos DJ URÂNIO E MC SISSI (PT) + DJ FAROFA E DJ WALABI, KEBRAKU (BR) + Instalações VERÃO, Atelier Caldeiras + SÍNCRONO | DO REGISTRO AO FLUXO, de Flávio Rodrigues
RUÍDO ROSA, uma performance que agita as vibrações sonoras da voz e das palavras, para estimular a escuta e a imaginação oral. URRO, de Andrei Bessa (BR), obra que questiona o corpo escolhido para viver na comunidade queer, uma alternativa à tribo gay (autodenominada) de ursos que exalta uma masculinidade normativa.
DJ URÂNIO e MC SISSI (PT), um show lunático, ritual de energia nuclear modificada, festim circense de magia magnética, hipnotização do publico para a realização da comemoração feraliminal. Dj Farofa e Dj Walabi (BR), realizando a KEBRAKU, uma festa itinerante que conta com gêneros musicais dos mais diversos, da música popular brasileira à contemporânea.
VERÃO, Atelier Caldeiras, onde através de uma fresta o público tinha acesso a uma sala pintada, mergulhando dentro de uma pintura e reflectindo sobre as noções de representação, a partir da obra de Andrea Mantegna, e Síncrono | Do registro ao fluxo, um projeto processual que coloca em intercepção o desenho (registro) e a performatividade (corpo).
01 – 30 julho 2022 | Residência artística GRANDE NELSON, de Diego Aramburo (BOL)
Residência artística realizada com o encenador e dramaturgo boliviano Diego Aramburo, agregada a demonstração de resultado na programação do VOLTS – Encontro de Artes Performativas. Em investigação, o histórico patriarcal presente na América Latina.
12 setembro 2020 | Concerto JAVIER DÍEZ ENA (ESP) + CLAIANA (CPV)
Concerto com o contrabaixista, thereminist e músico eletrónico espanhol Javier Díez Ena que, nas suas apresentações ao vivo, toca loops estritamente criados ao vivo sem usar material de reprodução ou pré-gravação; de seguida apresentámos Gui Lee, ou melhor, Claiana, músico cabo-verdiano figura incontornável na noite do Porto.
04 setembro 2021 | Concerto FADO BICHA (POR)
O Fado Bicha é um projeto musical e ativista composto por Lila Fadista (voz) e João Caçador (guitarra elétrica e outros instrumentos). O projeto, em todas as suas vertentes (temática, lírica, visual, musical), assenta sobre uma premissa de subversão da regra heteronormativa. Mais ainda quando a matriz de referência e a matéria sobre a qual trabalham é o fado, um estilo musical conservador nutrido por um meio tradicionalista. Através da alteração de poemas já cantados e da criação de novos, criam-se espaços para a experimentação de narrativas não normativas no que toca ao género e à sexualidade. É fado até ao tutano, intenso e rasgado, e é bicha porque usa a subversão como linguagem de identidades tão pouco representadas.
15 maio 2021 | Concerto MILTETO, Favela Discos (POR) & Marcela Lucatelli (BRA)
MILTETO, orquestra informal impulsionada pelo coletivo portuense Favela Discos, é a cristalização de um percurso disforme e difícil de captar em todas as suas dimensões, sendo apenas o último estágio de uma entidade em mutação. Uma entidade etérea quase autónoma cuja única âncora é a improvisação coletiva com o mínimo número de restrições ou condução. De seguida, e para um concerto colaborativo inédito, subiram ao palco MARCELA LUCATELLI & DIES LEXIC – um projeto musical e performativo composto por Inês Tartaruga e Xavier Paes que desenvolve a sua exploração artística através de uma prática multidisciplinar de ficção científica ambiental.
19 abril 2021 | Concerto DUAS VOZES, Pedro Augusto (POR)
Em “Duas Vozes”, Pedro Augusto (Ghuna X, Live Low) estreia-se nos lançamentos em nome próprio, com seis temas de música não-operática, ou melhor, que não cumprem um propósito outro que não fosse construir um programa musical que pudesse ser apresentado ao vivo sem programações. O concerto multimédia “Duas Vozes” foi editado pelo selo Lovers & Lollypops. Música de carácter visual, o EP surge um híbrido vídeo-álbum-viagem em que a música de Pedro Augusto se deposita nas imagens criadas por Rafael Gonçalves.
14 outubro 2020 | Mostra documentário THE BODY AS ARCHIVE , de Michael Maurissens (ALE) + Dois dedos de conversa
O documentário de Michael Maurissens baseia-se em pesquisas que consideram as formas pelas quais o corpo do bailarino pode ser considerado um arquivo. O corpo de um bailarino é apenas um repositório de formas de uso? Os bailarinos criam, acumulam e carregam conhecimento – onde é ele armazenado e o que exploram eles através da sua prática? Como é que os contextos culturais e sociais se refletem no corpo de um bailarino? Após a exibição, realizámos Dois dedos de conversa com Gonçalo Mota.
17 novembro 2020 | Mostra documentário MEU CORPO É POLÍTICO, de Alice Riff (BRA) + Dois dedos de conversa
Primeira longa-metragem da diretora Alice Riff, aborda o quotidiano de quatro militantes LGBT que vivem na periferia de São Paulo. Paula Beatriz é diretora de uma escola pública. Giu Nonato, uma jovem fotógrafa vivendo uma fase de transição em sua vida. Linn da Quebrada é atriz, cantora e professora de teatro. Fernando Ribeiro, um estudante e operador de telemarketing. A partir da intimidade e do contexto social dos personagens, o documentário levanta questões contemporâneas sobre a população trans e as suas disputas políticas. Após a exibição, realizámos Dois dedos de conversa com a pesquisadora brasileira, transfeminista, Helena Vieira.
10 dezembro 2020 | Performance LA BÊTE A.C. D.C, de Wagner Schwartz (BRA)
De 2005 a 2020, antes de Coronavírus, Wagner Schwartz manipulou uma réplica de plástico das esculturas Bichos (1960), de Lygia Clark, em galerias, teatros e museus. O público era convidado a participar. Em dezembro 2020, depois de Coronavírus, uma nova versão de La Bête surge em plena pandemia, especialmente dedicada ao 21 Volts, Criatório. Desta vez, o público e o artista portaram máscaras. Álcool gel e luvas estiveram à disposição. Um exame Covid-19 foi feito antes da experiência. Manteve-se os gestos de barreira?
13 janeiro 2021 | Espectáculo TIJUANA, Lagartijas Tiradas al Sol (MEX)
Tijuana põe em cena a experiência de Gabino Rodríguez, convertido durante seis meses em Santiago Ramírez, habitante de Tijuana (Baja California), sob condições específicas que o separavam de seu mundo habitual (do qual permanecia incomunicável), enquanto trabalhava a troco de um salário mínimo numa fábrica local.
Tijuana integra o projeto “Democracia no México 1965-2015”, uma série de 32 peças (uma para cada estado da República) que indagam sobre a atualidade desse conceito a partir de diferentes geografias. Um complexo mosaico de realidades chamado México.
03 setembro 2021 | Espetáculo O NARRADOR, Diogo Liberano (BRA)
De acordo com Benjamin, a morte é a sanção de tudo o que o narrador pode contar. É da morte que ele deriva sua autoridade. Assim, mais do que compartilhar um olhar sobre a morte, este trabalho busca justamente partir da morte para encontrar um olhar renovador sobre a experiência de estar vivo. A dramaturgia nasce de uma mescla de narrativas distintas (cenas dramáticas, poemas, trocas de e-mails, lembranças, cartas, contos), se afeta e se reescreve no encontro presencial entre performer, o espaço no qual se apresenta e o público para o qual se destina.
03 setembro 2021 | Performance OUTRO LADO É UM DIA, Carolina Campos (BRA) & Márcia Lança (POR)
Outro lado é um dia são gestos que não param de acabar, várias ações que começam e terminam, palavras, frases, situações apanhadas no meio. Uma peça que parte de um texto escrito em tempo real onde se imaginam futuros a partir de um presente distópico que parece ficção. Em Outro lado é um dia, verdade e mentira se tocam e se confundem, o tempo não é linear, é um emaranhado de tempos e situações que não param de terminar e recomeçar.
02 a 18 março 2021 | Laboratório A PRESENÇA DA MEMÓRIA – ARQUIVOS E VOZES, com Joana Craveiro (POR)
Um laboratório em torno da memória e das práticas criativas de a trabalhar – a partir da descoberta e análise de arquivos, testemunhos orais, e também seguindo o exemplo de outros artistas e investigadores destas matérias. Entendendo o passado como um país em descoberta (David Lowenthal descreveu-o como “um país estrangeiro”), a memória torna-se, assim, um local ao mesmo tempo de conflito e de reconstituição. Enzo Traverso refere-se-lhe como um “estaleiro em construção”. É precisamente neste território de possibilidade – de construções, omissões, apagamentos e reescritas – que o trabalho artístico em torno da memória e das suas representações, artefactos e vozes, pode ser um fértil local de descoberta de novas leituras da história pessoal de cada um – e, de forma ainda mais abrangente, da história coletiva na qual as nossas vidas se inserem e para a qual contribuem.
12 a 30 julho 2021 | Residência APOCALYPSO, Luara Learth Moreira (BRA)
Entre 16 de dezembro de 2020 e 10 de janeiro de 2021 estiveram abertas as candidaturas ao Programa de Residências CRL – Central Elétrica 2021 – Criatório. O projeto selecionado foi APOCALYPSO, de Luara Learth Moreira em parceria com Acauã El Bandide & Odete. Nele, objetivam pensar o apocalipse como uma possibilidade de tirar os véus que cobrem as construções inéditas do mundo colonial, arrancar camadas como forma de destruí-lo, tornando visíveis suas estruturas assimétricas de morte. Ao mesmo tempo, querem convocar a visibilidade e a opacidade das imagens underground, sepultadas pela hegemonia e pela violência dessa invenção tóxica de mundo cis-hetero colonial racista. Os corpos queer racializados assumem papel central neste trabalho, pois são o principal espaço de invocação das imagens e rituais que pretendem criar.
No dia 27 de julho, as 19h, realizou-se a mostra final da residência APOCALYPSO.