André Braga & Cláudia Figueiredo
“O fogo só terminou quando não havia mais que arder”.
Passado mais de um ano, o tempo avançou sem quase sair do mesmo sítio. Parece que foi ontem. “O fogo ainda arde lá fora tantas vezes, o quarto incendeia-se noite após noite, enche-se de fumo”.
“Luto” é um projeto transdisciplinar, para espaços ao ar livre, criado em residência artística em Tábua.
Tomando como ponto de partida o fogo de 15 de Outubro de 2017, um dos mega incêndios maiores da Europa, “Luto” debruça-se sobre as questões do trauma e da catástrofe.
A dupla significação do termo ‘luto’, enquanto processo de lidar com a perda – de vidas humanas, de memórias, de espaços físicos – e enquanto verbo lutar – resiliência e empenho das populações e da natureza por imaginar outros futuros – foi o mote nuclear que estruturou o pensamento e áreas a abordar.
Os testemunhos que fomos recolhendo diretamente e em diversas fontes documentais foram o nosso material de partida, mas desde cedo foi ficando claro que o que nos interessava revelar eram as dimensões que ultrapassavam a esfera local do incêndio e que são de algum modo comuns a vários tempos e lugares. A violência extrema do fogo e a sensação geral da proximidade do apocalipse só podiam fazer-nos colocar a questão algures na eminência do Fim, quando fica claro que é urgente uma nova filosofia, um novo pensamento, um ser político radicalmente diferente.
DOSSIER TEASER ITINERÂNCIA IMPRENSA
“A palavra ‘catástrofe’ vem do grego e significa, literalmente, ‘virado para baixo’.
A catástrofe é, por definição, um evento que provoca um trauma, outra palavra grega, que quer dizer ‘ferimento’.
Catástrofe, trauma e memória traduzem-se uns aos outros nessas histórias que não se deixam capturar pelo pensamento, nem pelo discurso. O que vem à tona são fragmentos, cacos da memória. O indizível só pode ser não-dito, e ‘lembrar’ pode ser uma forma de ‘esquecer’, de normalizar o passado”.
A. Nestrovski e M. Seligmann-Silva
Criação coletiva
Direção: André Braga
Dramaturgia: Cláudia Figueiredo com o apoio de Gonçalo Mota
Cocriação e interpretação: Diogo Martins, Diogo Peres, Gil Mac, Mafalda Saloio, Odete Claro, Paulo Mota, Soraia Cavaco e Valentina Parravicini
Sonoplastia: André Pires
Conceção plástica: André Braga e Pedro Azevedo
Vídeo: Gonçalo Mota com o apoio de Vitor Costa
Luz: Cláudia Valente
Realização plástica: Pedro Azevedo e Pedro Coutinho
Produção: Ana Carvalhosa (direção) com o apoio de Cláudia Santos e Carolina Cardoso
Projeto inserido na Rede Artéria, um projeto com coordenação artística do Teatrão e cofinanciado por Portugal 20.20.
2019 | 75 minutos | maiores de 12 anos