de Pedro Vilela
Convocatória cidadãos brasileiros residentes na cidade do Porto
Inscrições até 20 Fevereiro
Entrevistas online de 15 Fevereiro a 05 de Março
Estima-se que mais de 150 mil brasileiros vivam atualmente em Portugal, configurando-se como mais de 25% dos estrangeiros que vivem em terras lusitanas, vivendo mais de 10% destes na cidade do Porto.
Em Travessia, desejamos reunir narrativas/testemunhos sobre a cidade do Porto, a partir do ponto de vista dos imigrantes que cá vivem. Mais que um foco etnográfico, desejamos pensar novas possibilidades de apreensão da cidade, ancoradas na ideia de experiência, onde as noções de espaço e tempo são, deste modo, eixos intimamente articulados. Visto de outro ângulo, é o tempo acumulado na experiência vivida que torna possível o relato, a construção destas narrativas.
É objetivo de Travessia repensar a noção de identidade, relevando que a identidade nunca é um a priori, nem um produto acabado, ela é sempre um processo problemático que dá acesso a uma imagem da totalidade. Não existem identidades autênticas, o verdadeiro brasileiro, o verdadeiro português, uma raiz única pautada num mito fundador, estabelecido por verdades históricas.
Travessia são diferentes caminhos em busca do que está oculto nas teias da memória. É uma tentativa de olhar para uma cidade sem forma linear e unívoca. Afinal, desconstruir, tal como nos diz Derrida, é justamente não enxergar uma raiz única identitária, mas sim, mostrar as relações de força e poder que estão por detrás dela.
A investigação estará a cargo do encenador brasileiro Pedro Vilela, atualmente residente em Portugal, desenvolvendo seu projeto de doutoramento na Faculdade Belas Artes da Universidade do Porto.
Co-produção: Cultura em Expansão / Câmara Municipal do Porto
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Procuramos cerca de 50 pessoas de nacionalidade brasileira a residir na cidade do Porto para reunir narrativas/testemunhos sobre a cidade a partir do ponto de vista dos imigrantes que aqui vivem.
As entrevistas terão a duração de 1h e acontecerão através da plataforma ZOOM. O registo destes diálogos será posteriormente transposto para uma instalação performativa na Central Elétrica durante o mês de março.
Posteriormente, reuniremos algumas destas pessoas, que desenvolvam as mais diferentes atividades, criando uma obra que será apresentada publicamente no mês de Julho, dentro do Cultura em Expansão.
Esta obra carregará consigo a hibridização entre a linguagem recolhida através de uma plataforma de internet, novos vídeos que serão realizados com os participantes e a presencialidade dos mesmos.
Qual o sentimento aflorado quando se perde um determinado espaço geográfico e humano (relação do lugar de origem e pertença)? Porque é a expropriação um motivo de dor? Como tomar a condição de imigrante como fractura, como uma impossibilidade de alcançar algo?
*Imagem de referência a partir da Obra “Bandeira”, 2011, de Emmanuel Nassar