O CRIATÓRIO NA CENTRAL ELÉTRICA
Central Elétrica é o nosso espaço de criação na cidade do Porto, tem vindo a assumir cada vez mais destaque no nosso projeto artístico. A reativação de espaços e o desenvolvimento de um programa que se quer dentro e fora de portas, reflectem uma composição programática dinâmica e o desejo de transformar a Central num local de referência para a investigação das artes performativas e transdisciplinares.
Com o apoio da Câmara Municipal do Porto, através do programa Criatório, conseguimos reforçar a programação da Central, objetivando maior regularidade e diálogo com o público em geral. Apostamos na criação de um território versátil e em movimento constante, expandido as possibilidades criativas, valorizando uma região que apesar de tudo mantém uma certa periferia: Campanhã.
Criatório é um concurso municipal anual de apoio à criação e programação artística no Porto. Este programa tem como principais objetivos contribuir para a consolidação da atividade de artistas e agentes culturais provenientes de múltiplas disciplinas artísticas, que no Porto podem encontrar um contexto propício ao desenvolvimento da sua prática profissional.
PRÓXIMAS AÇÕES
02 a 18 março 2021 | A Presença da Memória – arquivos e vozes, um laboratório teórico-prático de investigação através da criação, Joana Craveiro (PT) | Calor – Ciclo Formativo
Um laboratório em torno da memória e das práticas criativas de a trabalhar – a partir da descoberta e análise de arquivos, testemunhos orais, e também seguindo o exemplo de outros artistas e investigadores destas matérias. Entendendo o passado como um país em descoberta (David Lowenthal descreveu-o como “um país estrangeiro”), a memória torna-se, assim, um local ao mesmo tempo de conflito e de reconstituição. Enzo Traverso refere-se-lhe como um “estaleiro em construção”. É precisamente neste território de possibilidade – de construções, omissões, apagamentos e reescritas – que o trabalho artístico em torno da memória e das suas representações, artefactos e vozes, pode ser um fértil local de descoberta de novas leituras da história pessoal de cada um – e, de forma ainda mais abrangente, da história colectiva na qual as nossas vidas se inserem e para a qual contribuem.
12 a 30 julho 2021 | Residência APOCALYPSO, Luara Learth Moreira (BRA) | Turbina – Convocatória
Entre 16 de dezembro de 2020 e 10 de janeiro de 2021 estiveram abertas as candidaturas ao Programa de Residências – Circolando / Central Elétrica 2021 – Criatório. O projeto selecionado foi Apocalypso, de Luara Learth Moreira em parceria com Acauã El Bandide & Odete.
Nele, objectivam pensar o apocalipse como uma possibilidade de tirar os véus que cobrem as construções inéditas do mundo colonial, arrancar camadas como forma de destruí-lo, tornando visíveis suas estruturas assimétricas de morte. Ao mesmo tempo, querem convocar a visibilidade e a opacidade das imagens underground, sepultadas pela hegemonia e pela violência dessa invenção tóxica de mundo cis-hetero colonial racista.
Os corpos queer racializados assumem papel central neste trabalho, pois são o principal espaço de invocação das imagens e rituais que pretendem criar. Fundindo e desfazendo a dicotomia e a dualidade da normatividade dos gêneros masculino-feminino, assombrando-se, formando e deformando o flash em monstros, incorporando animais, espíritos, poderes da natureza, e também a dissonância que nossas identidades representam para a hegemonia.
PROGRAMAÇÃO CRIATÓRIO 2020-2021
12 setembro 2020 | Concerto JAVIER DÍEZ ENA (ESP) + CLAIANA (CPV) | Pulsão – Ciclo Sonoro
Concerto com o contrabaixista, thereminist e músico eletrónico espanhol Javier Díez Ena que, nas suas apresentações ao vivo, toca loops estritamente criados ao vivo sem usar material de reprodução ou pré-gravação; de seguida apresentámos Gui Lee, ou melhor, Claiana, músico cabo-verdiano figura incontornável na noite do Porto.
14 outubro 2020 | Mostra documentário THE BODY AS ARCHIVE , de Michael Maurissens (ALE) + Dois dedos de conversa | Disjuntor – Ciclo Audiovisual
O documentário de Michael Maurissens baseia-se em pesquisas que consideram as formas pelas quais o corpo do bailarino pode ser considerado um arquivo. O corpo de um bailarino é apenas um repositório de formas de uso? Os bailarinos criam, acumulam e carregam conhecimento – onde é ele armazenado e o que exploram eles através da sua prática? Como é que os contextos culturais e sociais se refletem no corpo de um bailarino? Após a exibição, realizámos Dois dedos de conversa com Gonçalo Mota.
17 novembro 2020 | Mostra documentário MEU CORPO É POLÍTICO, de Alice Riff (BRA) + Dois dedos de conversa | Disjuntor – Ciclo Audiovisual
Primeira longa-metragem da diretora Alice Riff, aborda o quotidiano de quatro militantes LGBT que vivem na periferia de São Paulo. Paula Beatriz é diretora de uma escola pública. Giu Nonato, uma jovem fotógrafa vivendo uma fase de transição em sua vida. Linn da Quebrada é atriz, cantora e professora de teatro. Fernando Ribeiro, um estudante e operador de telemarketing. A partir da intimidade e do contexto social dos personagens, o documentário levanta questões contemporâneas sobre a população trans e as suas disputas políticas. Após a exibição, realizámos Dois dedos de conversa com a pesquisadora brasileira, transfeminista, Helena Vieira.
10 dezembro | La Bête A.C. D.C, de Wagner Schwartz (BRA) | Vapor – Ciclo Performativo
De 2005 a 2020, antes de Coronavírus, Wagner Schwartz manipulou uma réplica de plástico das esculturas Bichos (1960), de Lygia Clark, em galerias, teatros e museus. O público era convidado a participar. Em dezembro 2020, depois de Coronavírus, uma nova versão de La Bête surge em plena pandemia, especialmente dedicada ao 21 Volts, Criatório. Desta vez, o público e o artista portaram máscaras. Álcool gel e luvas estiveram à disposição. Um exame Covid-19 foi feito antes da experiência. Manteve-se os gestos de barreira?
13 janeiro | Tijuana, Lagartijas Tiradas al Sol (MEX) | Vapor – Ciclo Performativo
Tijuana põe em cena a experiência de Gabino Rodríguez, convertido durante seis meses em Santiago Ramírez, habitante de Tijuana (Baja California), sob condições específicas que o separavam de seu mundo habitual (do qual permanecia incomunicável), enquanto trabalhava a troco de um salário mínimo numa fábrica local.
A encenação procura contar esta experiência e indagar as possibilidades de representação. A partir daqui, o trabalho tenta tecer um discurso sobre ficção, realidade e representação. Ser outra pessoa, tentando viver a vida de outra pessoa. Fazer-se passar por outra pessoa. Isso não é atuar?
Tijuana integra o projeto “Democracia no México 1965-2015”, uma série de 32 peças (uma para cada estado da República) que indagam sobre a atualidade desse conceito a partir de diferentes geografias. Um complexo mosaico de realidades chamado México.
Curadoria Geral Central Eléctrica: Pedro Vilela | Curadoria Ciclo Audiovisual: Gonçalo Mota